segunda-feira, 19 de junho de 2023

O Labirinto: Um simbolo ancestral para entender os ritos de passagem

Com um olhar especial sobre a gravidez, parto e puerpério

O labirinto é um símbolo muito antigo que apareceu por milênios em terras tão diversas como Creta, Indonésia, Escandinávia, Américas e Rússia. Inscreve-se na rocha, em joias ou moedas, pinta-se em cerâmicas, templos ou manuscritos, e realiza-se em grande escala com recurso a pedras no solo.

Embora um símbolo em si nunca possa ser totalmente explicado ou interpretado por meio de palavras, o labirinto pode ser entendido como um espelho ou uma metáfora do percurso de vida do ser humano – a jornada da alma, com todos os seus desafios, transformações, profundidades e descobertas.

O labirinto é especialmente útil para compreender o percurso universal de cada rito de passagem, qualquer experiência em que saímos de uma etapa da vida para iniciar outra, em que morremos simbolicamente para renascer com uma nova identidade, como o nascimento, a puberdade, a transição da adolescência para a idade adulta, maternidade, menopausa ou morte, para citar alguns.

Se explorarmos através de diferentes culturas as cerimónias que são criadas para marcar essa passagem de uma fase da vida para outra, normalmente encontramos três fases sequenciais, fases que ao mesmo tempo podemos ver reflectidas na passagem do limiar do labirinto para o centro e para fora novamente. (Aqui estamos falando sobre o labirinto em que só há uma maneira possível de chegar ao centro e sair novamente – não tem bifurcações ou becos sem saída.)

a fase de preparação

Primeiro há a fase de preparação , antes de cruzar a soleira para entrar no labirinto. Este é o momento em que a jornada começa, quando rompemos com nossas vidas anteriores e sabemos que nunca mais seremos as mesmas pessoas. O que estamos deixando? O que vamos dar à luz? É preciso reflexão e preparação para a importante mudança que está por vir em nossas vidas.

 

fase de teste

Depois vem a fase de teste , da entrada do labirinto até o centro. Esta é uma viagem ao desconhecido, uma transição entre o familiar e o novo, na qual embarcamos numa aventura rumo ao nosso centro mais profundo, para além dos limites da nossa identidade anterior, uma profunda transformação para renascer com uma nova . identidade.

 

A fase de integração

Finalmente, há a fase de integração , o retorno do centro do labirinto para o exterior. É um caminho necessário para recapitular tudo o que aconteceu, para voltar com uma consciência mais ampla de quem somos e integrar esse conhecimento na próxima etapa da vida.

 

O labirinto como metáfora da jornada da gravidez, parto e puerpério

Quando a parteira e artista Pam England, criadora de Birthing from Within , descobriu o símbolo do labirinto, parecia uma metáfora perfeita para a jornada psíquica e física de uma mulher durante a gravidez, o parto e o período pós-parto. Ela dá aulas para iniciar as gestantes e seus parceiros no rito de passagem do parto.    

Foto: Regina Siam

 

Nessas aulas, as grávidas aprendem a desenhar seu próprio labirinto para personalizar esse rito de passagem. Pouco antes da entrada do labirinto, eles desenham um símbolo de limiar, uma representação física da passagem entre o mundo da Donzela e o mundo da Mãe, entre o conhecido e o desconhecido, o mundano e o sagrado, antes de entrar o mundo. o mistério do nascimento

Eles também desenham duas pegadas na frente de sua soleira para representar o momento atual em que estão, na fase de preparação, antes de entrar em trabalho de parto e entrar no labirinto. Antes desse limiar, é hora de refletir sobre suas crenças e as de nossa cultura sobre gravidez, nascimento, bebês, paternidade, dor, amor, instinto materno, medo de perder o controle... Pergunte a si mesmo: você está sonhando com um determinado tipo de parto, um parto ideal? Ou você está aberto para viver e descobrir cada momento deste nascimento com amor incondicional, seja ele qual for?

Pronto ou não, quando começarem as primeiras contrações, ou a bolsa estourar, você será projetado através desse limiar invisível mas palpável e terá entrado no labirinto. Tal como o caminho do labirinto, quando percorremos os primeiros circuitos exteriores longos e bastante simples, durante a primeira fase do trabalho de parto podem existir fases que evoluem facilmente, sem grandes alterações, por exemplo durante as primeiras horas ou mesmo dias de parto espaçado contrações. . De repente nos encontramos com uma curva acentuada, uma mudança inesperada de direção que é análoga a esses momentos inesperados e às vezes desconcertantes que fazem parte de todo parto e pós-parto. Você percebe que agora não há volta ou atalhos para chegar ao centro, no momento do nascimento do seu bebê e seu como mãe.

Pode ser, como em um labirinto, que haja momentos em que você se sinta perdida, não saiba quanto caminho percorreu ou quanto falta para dar à luz, perdeu completamente a noção do tempo. Diz Pam England: “Lembre-se, em um labirinto, e quando você está em trabalho de parto, não há nada para entender, você não precisa 'fazer certo' para ganhar amor ou aprovação ou para ser uma 'boa mãe'... Faça o melhor que puder, assim como você sabe na época. Ame-se especialmente quando estiver perdido. Quando você não sabe o que fazer, você vai passo a passo. Que você saiba que chegará ao centro e voltará ”.

A última trajetória do labirinto tem curvas cada vez mais apertadas e sinuosas, e reflete a fase mais intensa do parto, em que é totalmente normal passar por dúvidas ou medos importantes: dúvidas se vai acabar, se pode, se seu bebê... Você está na fase de teste, sua iniciação, na qual você se vê nua com todas as suas limitações e vulnerabilidade e estratégias mentais, e ao mesmo tempo com seu poder, determinação e coragem. O grande tesouro da viagem está na sua forma única de se entregar à intensidade e à força do processo. “ Cada mulher vive o mistério de sua transformação física, psicológica e espiritual à sua maneira, quer dê à luz em casa, na sala de cirurgia, no carro ou em uma cabana na selva” (Pam England) .

Nos grandes mitos, o centro é o lugar sagrado onde o céu e a terra se encontram, o lugar da iluminação, quando você para e para de lutar, um estado de graça. No final da viagem chegamos ao centro, momento em que nascem o bebé, a mãe e o pai. É como se o tempo parasse, você está em um lugar suspenso entre dois mundos. Os iniciados precisam de seu tempo para chegar, para entrar em sua nova vida.

A jornada do herói, ou da mãe heroína, ainda não acabou. Num contexto social em que existe uma enorme pressão para regressar à vida anterior – sem barriga, para retomar as relações sexuais, para regressar ao trabalho – o labirinto lembra-nos, pelo contrário, que já não somos os mesmos de antes, que não não pode precipitar a enorme transição do puerpério.

Leva tempo, pouco a pouco, para integrar a história do seu nascimento e como você o viveu, para se reposicionar dentro de seu corpo mudado, ferido no início, para conhecer seu bebê e confiar em si mesma como mãe, para se adaptar à amamentação , para a sua nova realidade de casal, ou com amigos de antes, para aceitar a falta de sono, para perceber que as suas necessidades por um tempo passam para segundo plano, para integrar a morte da Donzela, e sentir a profundidade do talvez o maior e incondicional amor da sua vida...

Quanto tempo pode durar o retorno?, perguntamos às gestantes. Não estamos falando aqui de meses, mas da realidade de que leva entre dois e três anos, após um primeiro parto, para sentir que a mulher que você foi e a mãe que você se tornou se unem e se integram no âmago do seu ser, na mulher-mãe que você é agora. Bem-vindo!

 

Este artigo foi originalmente publicado no Cyclic Woman Blog em maio de 2013.

 Autora: Sophia Style

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Tirando o óculos Cor de Rose*

Visão e Propósitos para 2019!!!




Início de ano, grandes planos e expectativas. Segundo os astrólogos de plantão, 2019 configura-se num ano de grandes mudanças e transformações, se somente se, nos desapegarmos do passado e nos abrirmos para o desconhecido com total entrega, confiança e fé no divino que somos nós e principalmente com a clareza e discernimento que essa noção nos dá. Isto é, se faz absolutamente necessário tirar o óculos cor de rosa e no seu lugar usarmos lentes "trifocais" para uma ampla visão da realidade.
Mas o que seria esse óculos cor de rosa que você tanto fala Rose? 
Para melhor exemplificar o que essas lentes da nossa cor preferida, ou com o foco ajustado para a nossa particular e original visão fazem por nós e por que é tão difícil jogá-las fora, trago pra vocês o Conto Sufi – Fátima, a Fiandeira
Numa cidade do mais longínqüo Ocidente vivia uma jovem chamada Fátima, filha de um próspero Fiandeiro. Um dia seu pai lhe disse:
— Filha, faremos uma viagem, pois tenho negócios a resolver nas ilhas do Mediterrâneo. Talvez você encontre por lá um jovem atraente, de boa posição, com quem possa e então se casar. Iniciaram assim sua viagem, indo de ilha em ilha; o pai cuidando de seus negócios, Fátima sonhando com o homem que poderia vir a ser seu marido.
Mas um dia, quando se dirigiam a Creta, armou-se uma tempestade e o barco naufragou. Fátima, semiconsciente, foi arrastada pelas ondas até uma praia perto de Alexandria. Seu pai estava morto, e ela ficou inteiramente desamparada. Podia recordar-se apenas vagamente de sua vida até aquele momento, pois a experiência do naufrágio e o fato de ter ficado exposta às inclemências do mar a tinham deixado completamente exausta e aturdida. Enquanto vagava pela praia, uma família de tecelões a encontrou. Embora fossem pobres, levaram-na para sua humilde casa e ensinaram-lhe seu ofício.
Desse modo Fátima iniciou nova vida e, em um ou dois anos, voltou a ser feliz, reconciliada com sua sorte. Porém um dia, quando estava na praia, um bando de mercadores de escravos desembarcou e levou-a, junto com outros cativos. Apesar dela se lamentar amargamente de seu destino, eles não demonstraram nenhuma compaixão: levaram-na para Istambul e venderam-na como escrava. Pela segunda vez o mundo da jovem ruíra.
Mas quis a sorte que no mercado houvesse poucos compradores na ocasião. Um deles era um homem que procurava escravos para trabalhar em sua serraria, onde fabricava mastros para embarcações. Ao perceber o ar desolado e o abatimento de Fátima, decidiu comprá-la, pensando que poderia proporcionar-lhe uma vida um pouco melhor do que teria nas mãos de outro comprador. Ele levou Fátima para casa com a intenção de fazer dela uma criada para sua esposa. Mas ao chegar em casa soube que tinha perdido todo o seu dinheiro quando um carregamento fora capturado por piratas. Não poderia enfrentar as despesas que lhe davam os empregados, e assim ele, Fátima e sua mulher arcaram sozinhos com a pesada tarefa de fabricar mastros. Fátima, grata ao seu patrão por tê-la resgatado, trabalhou tanto e tão bem que ele lhe deu a liberdade, e ela passou a ser sua ajudante de confiança. Assim ela chegou a ser relativamente feliz em sua terceira profissão.
Um dia ele lhe disse: — Fátima, quero que vá a Java, como minha representante, com um carregamento de mastros; procure vendê-los com lucro.
Ela então partiu. Mas quando o barco estava na altura da costa chinesa um tufão o fez naufragar. Mais uma vez Fátima se viu jogada como náufraga em uma praia de um pais desconhecido. De novo chorou amargamente, porque sentia que nada em sua vida acontecia como esperava. Sempre que tudo parecia andar bem alguma coisa acontecia e destruía suas esperanças.
— Por que será — perguntou pela terceira vez — que sempre que tento fazer alguma coisa não da certo? Por que devo passar por tantas desgraças?
Como não obteve respostas, levantou-se da areia e afastou-se da praia.
Acontece que na China ninguém tinha ouvido falar de Fátima ou de seus problemas. Mas existia a lenda de que um dia chegaria certa mulher estrangeira capaz de fazer uma tenda para o imperador. Como naquela época não existia ninguém na China que soubesse fazer tendas, todo mundo aguardava com ansiedade o cumprimento da profecia. Para ter certeza de que a estrangeira ao chegar não passaria despercebida, uma vez por ano os sucessivos imperadores da China costumavam mandar seus mensageiros a todas as cidades e aldeias do país pedindo que toda mulher estrangeira fosse levada à corte. Exatamente numa dessas ocasiões, esgotada, Fátima chegou a uma cidade costeira da China. Os habitantes do lugar falaram com ela através de um intérprete e explicaram-lhe que devia ir à presença do imperador.
— Senhora — disse o imperador quando Fátima foi levada até ele — sabe fabricar uma tenda?
— Acho que sim, Majestade — respondeu a jovem.
Pediu cordas, mas não tinham. Lembrando-se dos seus tempos de fiandeira, Fátima colheu linho e fez as cordas. Depois pediu um tecido resistente, mas os chineses não o tinham do tipo que ela precisava. Então, utilizando sua experiência com os tecelões de Alexandria, fabricou um tecido forte, próprio para tendas. Percebeu que precisava de estacas para a tenda, mas não existiam no país. Lembrando-se do que lhe ensinara o fabricante de mastros em Istambul, Fátima fabricou umas estacas firmes. Quando estas estavam prontas ela puxou de novo pela memória, procurando lembrar-se de todas as tendas que tinha visto em suas viagens. E uma tenda foi construída.
Quando a maravilha foi mostrada ao imperador da China ele se prontificou a satisfazer qualquer desejo que Fátima expressasse. Ela escolheu morar na China, onde se casou com um belo príncipe e, rodeada por seus filhos, viveu muito feliz até o fim de seus dias.
Através dessas aventuras Fátima compreendeu que, o que em cada ocasião lhe tinha parecido ser uma experiência desagradável, acabou sendo parte essencial de sua felicidade. E que assim como nem tudo é o que parece ser, Fátima percebeu que não precisava se apegar a uma "visão" de felicidade "cor de rosa" mas que ao entregar, confiar e aceitar o fluxo da vida ditado pela Suprema Luz Divina, só tinha o que agradecer.
Extraído de ‘Histórias dos Dervixes’, Idries Shah, Nova Fronteira 1976









domingo, 3 de dezembro de 2017

Tirando o Óculos Cor de Rose*

Circulo de Mulheres

Quando na década de 90 fui designada a dar os seminários sobre Anima e Animus no Instituto Junguiano onde fiz minha formação e neste momento lidava com os jovens alunos, me deparei ao preparar o material sobre a Anima - a alma masculina, com várias sombras femininas, com as minhas próprias sombras.

Pois então... foi uma assombração só!!! rsrsrs...  Acho que nunca trabalhei minha alma tão intensamente!
Comecei naturalmente pela infância e adolescência, revisitando momentos e situações onde detectava possíveis traumas ou pelo menos "saias justas", embaraços e vergonhas que podiam ter me deixado sequelas ainda vivas e atuantes.

Lembro agora de uma situação no início do 'ginásio' , hoje, primeiro grau, em que eu devia ter uns doze anos, que houve um racha entre as meninas, devido a briga das duas líderes da turma. Tornou-se obrigatório a escolha de um partido. Dado que eu achava tudo isso muuuuuuito ridículo não escolhi partido nenhum e por isso fui defenestrada por todas as meninas.

Não tive dúvida: me mudei da primeira fila de cadeiras da sala prá última, onde ficavam só meninos.
Ahhhh! E que alegria!!! Achei a minha turma, sem frescura, sem bobeira, sem caras e bocas e principalmente, falsas performances para agradar gregos e troianos.

Dali prá frente vivi os melhores anos do colégio, sempre em companhia dos meus fiéis escudeiros. E apesar de toda a bagunça e conversa reinante na "galeria" continuei sendo a "cdf" de sempre, até salvando alguns amigos, estudando com eles nas provas finais e recuperações.

Com isso desenvolvi uma facilidade muito grande em tratar com o gênero masculino, até porque também tive uma educação baseada na pedagogia de A S Neill - Liberdade sem Medo, uma das "sacadas mais brilhantes" da minha mãe. O educador escocês, A S Neill, defendia o fim da hierarquia e da rigidez como meio de formar indivíduos livres e criativos. Cresci sendo vista como pessoa, como um indivíduo íntegro, e respeitada pelos meus pais como tal. Minha palavra sempre teve crédito e como membro da família meu voto pesava como o de todos os adultos mesmo na tenra infância.

Esta situação tão positiva com o sexo masculino também me fez ver e crescer com uma visão mais ampla tanto dos homens quanto das mulheres. Vocês já perceberam como muitas mulheres (devido a traumas ou mesmo pela educação que tiveram) pelo menos nascidas na década de 60, tem literalmente medo dos homens ou os vêm de uma forma fantasiosa como seus salvadores? De Príncipe encantado a Fera (da Bela....rsrsrs) ou Barba Azul?



Pois é....durante um bom tempo prá mim foi muito mais fácil frequentar grupos de homens (até dos amigos dos meus namorados) e só comecei a lidar com círculos de mulheres já dando aulas sobre o Animus - a alma feminina, quando me abri pra acolher as diferenças e idiossincrasias das mulheres com todos os seus altos e baixos, fragilidades e forças, bobeiras e sabedorias

Bem, mas a esta altura já tinha crescido em mim uma enorme dose de paciência, tolerância e generosidade amorosa, e a Mãe Divina na sua infinita sabedoria tinha me dado três filhos homens, pois só depois do nascimento do caçula é que cai de boca no meu interior e fui mergulhar no mundo feminino, realizando oficinas sobre o feminino a partir de 1994 até os dias atuais. Tirando ou melhor trocando paulatinamente as lentes, ajustando sempre o foco e discernindo cada vez mais e melhor o que é do Ser Feminino - luz e sombra, o que me é - desse todo - palatável ou não, o que realmente é de mim - Rose*.

Hoje, frequento um grupo de mulheres no Centro de Tradições Nativas Nowa Cumig, onde aprendemos sobre o feminino nas tradições nativas sul e norte americanas e trocamos experiências sobre o feminino visto e desenvolvido ou não em nós; e também um grupo de leitura de mulheres que leem autoras que escrevem sobre mulheres, além das oficinas com temas femininos com vistas ao desenvolvimento da ampla visão das mulheres por si mesmas.


E olhando pra trás percebo como aquele "racha" feminino que me alijou para as "galés" foi fundamental pro meu desenvolvimento, desenvoltura na vida e alegria.

Gracias a la vida!!!

sábado, 25 de novembro de 2017

Tirando o Óculos Cor de Rose*

Assim é se lhe parece.....

Na infância e adolescência não entendia tão bem essa frase de Pirandello (o dramaturgo) quanto agora.
Assim é se lhe parece...minha mãe costumava dizer quando chegávamos a um impasse de opiniões ou pontos de vista. Me parecia mais uma "saída pela esquerda" de uma pacifista de carteirinha (minha mãe) do que algo que eu realmente devesse levar em conta.

Mas nesses tempos caóticos de surpresas inéditas diárias e transformação constante, as miríades de novas opiniões e pontos de vista sobre assuntos antigos que povoam a minha mente e as de quem convivo e com quem troco os anseios da alma tem se multiplicado exponencialmente.

Esta situação inédita tem me demonstrado não só a pluralidade de Universos possíveis com que convivo mas mais do que isso, a pertinência e a realidade desses Universos não só em atos e palavras mas também e principalmente em sentimentos fundadores de novas crenças e padrões de comportamento.

Peraí Rose...sobre o que mesmo você tá falando??? 


Rsrsrrsss....estou falando sobre como cada pessoa hoje em dia está assumindo "sua realidade" como A Realidade e muitas vezes não percebendo que assim como a dela existem tantas outras quanto seres humanos neste mundo. E sim,todas são reais para cada um que a vive e aí é que está o ponto...saber conviver com a diferença com respeito pela realidade do outro assim como você respeita e valoriza a sua realidade, seus conceitos e valores.

Esse respeito tão difícil de se constituir dentro de nós advém de uma crença verdadeira na integridade do outro como pessoa capaz de construir seus paradigmas, limites e crenças de forma a criar um mundo, uma realidade para si que não é melhor ou superior, nem pior ou inferior que a nossa.

Esse respeito advém também de uma noção intrínseca de dignidade, virtude tão esquecida e não mais vivida, que encerra em si as virtudes da honestidade, honra e decência. Ora, se cultivada e vivida, se espelhará na convivência com o outro, o que naturalmente irá criar um ambiente de respeito ao outro completamente outro - ao diferente.

Então minha gente querida, como dizia o poeta "a lição sabemos de cor, só nos resta aprender". Estamos com o dever de casa de Ética atrasado e perigando de tomarmos "bomba" e não passarmos de ano! Não podemos perder a oportunidade dessa "encadernação" e desperdiça-la com preconceitos, crenças antigas e ultrapassadas que proclamam pertencer a uma Verdade única, não transformável.

É urgente sair da "cadeirinha alta" do bebê e sentar a mesa da humanidade sem o óculos cor de rosa que apenas vê, percebe e vive a realidade conhecida, confortável e na maioria das vezes fóbica frente a diferença que nos tira dessa zona de conforto. 

E perceber que a vida, os hábitos e as crenças do outro podem até ser esdruxulas segundo nosso ponto de vista mas quanto ao outro.... assim é se lhe parece ser... com todo o respeito!

Um grande beijo no coração!!!
* continuem postando suas questões, dúvidas e perguntas, me alimentando de novas e inusitadas versões dessa nossa velha realidade. 




sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Tirando o Óculos Cor de Rose*

A Vocação pelo Nome !!!

Você já pensou porquê seu nome é esse que você recebeu ao nascer? E qual o significado dele no seu dharma, no que você veio fazer aqui neste quadrante estelar??

Pois é minha gente querida, não foi só uma ideia maluca dos pais nos registrarem com esse ou aquele nome. Geralmente os nossos nomes são sutilmente sugeridos pela espiritualidade afim de que nos identifiquemos com o propósito e significado deles e possamos botar em prática o nosso plano de ação "bolado" na espiritualidade, na nossa realidade.  

Muitas fichas cairam ao entender (depois de muito pesquisar) o significado oculto do meu nome. Digo oculto, não porque tenha ficado em segredo, mas porque  o significado do primeiro nome e dos sobrenomes materno e paterno são vistos mais superficialmente por uma "tradução" simplista e não pelo seu significado psicológico profundo.

O meu nome por exemplo é Rose Lane. Seria Claudia mas meu pai a caminho do cartório resolveu homenagear minha mãe (assim pensou ele) e mudou para Rose (rosas) Lane (caminho em inglês). Além de durante todos os encontros de namoro e noivado ter levado uma rosa para minha mãe e segundo ele, "as rosas abriram o caminho para o coração dela", minha mãe se chamava Elane.

Numa primeira vista fiquei com essa versão durante anos até aprofundar meus estudos na espiritualidade e perceber que "o buraco era mais em baixo".

Numa regressão percebi que meu trabalho no intervidas era receber as pessoas que chegavam no plano astral meio desorientadas na "Ponte de Rosas", um local, um portal de transição (Ponte) entre os mundos físico e espiritual. 

Percebi que o significado profundo de Rosas estava ligado ao Amor, a Generosidade, a Compaixão. E que o meu trabalho, a minha tarefa na encarnação como Rose Lane (Caminho de Rosas) se faz de forma semelhante, sendo eu na atualidade como psicóloga um canal (caminho, ponte) entre o mundo exterior e interior visando o equilíbrio e a integração das pessoas, com muito amor e compaixão.

O mesmo se deu ao analisar meus sobrenomes, que dão o tom, a característica da nossa vocação vista no primeiro nome.

Vocês sabiam que a origem dos sobrenomes surgiu com a necessidade de se distinguir as pessoas de boa índole dos criminosos? Embora na Inglaterra, ainda antes tivessem sido utilizados pelos nobres e correspondessem à localização do nascimento ou da habitação das pessoas. A seguir, características físicas, bem como profissões, plantas e animais acabaram por se tornar sobrenomes.

Então....Romero vem do lado espanhol materno e significa Alecrim. Sim a maravilhosa planta com um aroma fantástico, com inúmeras propriedades curativas e uma característica tipica da família Romero - a assertividade.

Já o sobrenome Rosa vem do lado paterno português numa linhagem que remonta a Rodrigo Sotero McRose ( que ao entrar em Portugal em 1500 mudou seu nome para Da Rosa, já que foi acolhido como escrivão do rei Dom Manuel).

Logo somada a vocação de ser uma ponte amorosa entre o mundo exterior e o interior, devo procurar exercer e principalmente Ser este canal de forma assertiva e duplamente amorosa tanto com a palavra falada como com a palavra escrita.

Essa "viagem" em torno do meu nome e da minha vocação nesta vida fez todo o sentido pra mim e ajudou a me ver mais e melhor com "olhos de ver' e 'ouvidos de ouvir".....rsrssrss.

E você? o que acha de se aventurar nessa pesquisa incrível sobre o papel que você mesmo escolheu desempenhar nessa vida e as pistas que deixou pra você descobri-lo através do seu nome?

Compartilhe comigo suas descobertas e deixe aqui suas impressões, dúvidas e questões.

Um grande beijo no coração!!!



sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Tirando o Óculos Cor de Rose*

E agora José???

A pergunta que não quer calar e que aliás me acompanhou durante os últimos dias (valeu por uma boa sessão de terapia...rsrsrsrs) foi:
Quais foram as mudanças necessárias e mais significativas que a vida não lhe deu opções de escolha e tiveram que acontecer, para que você fosse Você, cada vez mais no seu dia-a-dia?

Pois é rapaaaaaz, quem mandou pedir sugestão as amigas?

Olha, percebi que não foi nem uma nem duas mudanças, mas como a vida caprichou nos acontecimentos e situações, tive que dar nó em pingo d'água pra virar do avesso o reverso já revirado.

A primeira situação que me deixou sem escolha e me "obrigou" a me apresentar (até a mim mesma) à realidade externa e interna foi o episodio de adoecimento de minha mãe, que em 24h passou de uma leve desidratação a pneumonia, a septicemia e ao coma por 14 dias. 

Nesse período precisei ativar uma força (que até hoje chamo de Durga em mim - https://www.youtube.com/watch?v=tYjK2kANhok) para segurar uma onda de tristeza (os médicos pediram que eu chamasse o padre para dar a ela a extrema unção, o que fiz, mas com vistas no milagre) pela possibilidade de perde-la; segurar também o astral familiar - meus três filhos eram pequenos, e o astral no consultório, já que precisava discernir e concatenar os pensamentos para manter o foco e ter ânimo para o trabalho, fonte maior de renda dado que havia me separado a pouco tempo.

Pois é.... um "trabalho de Hércules" emocional que eu nem desconfiava estar só começando.....

Quando minha mãe voltou do coma e num primeiro momento com uma lucidez fantástica, me contanto o que tinha feito nesse período, com quem tinha conversado, o que tinha visto e que tinha decidido voltar porque precisava me ajudar, me preparar pra sua ida definitiva....quase caí dura pra traz.

Essas revelações realmente me ajudaram muito num "turning point" espiritual, pois a partir daí mergulhei com toda a intensidade no caminho espiritual que já havia escolhido e fiz meu comprometimento em seguir os ensinamentos do meu Mestre Espiritual Paramahansa Yogananda.

Se eu desde pequena, sentia a presença do Mestre na minha vida, no dia-a-dia, a partir de então passei a ouvi-lo (e escutá-lo) mais a miúde e receber claras orientações suas em sonhos. 

Graças ao Mestre tive equilíbrio para passar os quatro anos seguintes de definhamento de minha mãe, sempre com senso de humor e como ela mesmo dizia sem deixar a peteca cair.


O que quase aconteceu, 5 anos após a passagem de mamãe pro "2º andar", quando no mesmo ano, meu pai falece ao tirar um cochilo, me separo do namorido e um hacker tira todo o meu $$$ do banco, isto é, falência de tudo que representava o masculino na minha vida. Meu chão sumiuuuuuu!

Tive que novamente mergulhar nas minhas profundezas para voltar (depois de um ano de luto e muuuuuuito trabalho terapêutico) de mãos dadas com o masculino e feminino em mim e dar conta dos desafios... porque a vida não para, né rapaziada!

Segundo meus filhos a vida tem um efeito interessante em mim, isto é, eu reajo de um modo diferente às cargas pesadas da vida: numa espécie de "slow motion", sinto o baque, tento "captar a mensagem do amado mestre", ajo da melhor maneira com as ferramentas que tenho e depois que a maré baixou jogo a toalha e sinto com toda a intensidade o que ocorreu.

Sinto que desenvolvi esse "efeito retard" como resposta as vicissitudes da vida que acabaram por me incitar a Ser e me mostrar (até a mim mesma) quando eu menos esperava e muitos dependiam de mim e de minhas atitudes.

E como diz a querida Morena Cambará: "Ser o que se é não é um livramento, não trás mais leveza e não alivia a caminhada do presente mas, severamente nos integra de maneira a confirmar, num sobressalto, o tamanho e a densidade que nos pertence." 

É isso aí gente bacana, valewww!!!!

***continuem mandando as sugestões, dúvidas e questões....tô gostando disso!

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Tirando o Óculos Cor de ROSE*


Buscando o foco!!!

Pois é minha gente, então vamos começar pelo início mesmo. A primeira questão colocada foi:

Como? Quando? E onde você estava quando se deu conta de que estava usando esse óculos tão difíceis de se desapegar? E a pergunta mais importante, por que você decidiu ajustar o foco em si mesma? 

Sinto que não só eu mas toda a minha geração foi gestada, educada, condicionada a ver, perceber e lidar com o mundo através de lentes coloridas. Na década de sessenta (minha primeira infância) os jovens começaram a se movimentar e se expressar através da música, literatura e da recém chegada televisão. E a resposta da tradição também veio pelos mesmos meios só que bem mais forte.


Alguns "dinossauros" como eu, "ratos" de tv dos primórdios da telinha p&b, lembrarão de uma série de tv chamada "Papai sabe tudo" que claramente passava as normas de uma família feliz e "bem formada", principalmente numa época em que começaram os primeiros "desquites" aqui no Brasil, no eixo Rio/São Paulo.

Programas de tv como esta série, além de filmes, músicas, telenovelas e fotonovelas (sim!!! isto já existiu...pesquisem no google) reforçaram por décadas certos conceitos, crenças e comportamentos que nos moldaram a todos, uns mais outros menos, numa fôrma coletiva meio "poliana" de ser, isto é, tão distante da realidade dos fatos e das pessoas que jamais poderíamos supor esse ou aquele comportamento (real) tão diferente (do nosso) do que estávamos acostumados a ter como "o certo".

Uma tremenda armadilha, pois se estávamos inconscientemente nos valendo da tradição, e repetindo os mesmos padrões de pensamento de novo e de novo, para nos proteger, acabamos por cair num desanimo coletivo, culminando numa desesperança e depressão na década de oitenta.

Começamos a trocar as lentes cor de rosa por bifocais na década de noventa com vários movimentos chamados "New Age" que preconizavam uma abertura, uma amplitude de visão ímpar. Pessoalmente foi quando fiz as pós em teologia judaico-cristã e hindu, fui estudar com Pierre Weill, Jean Yves Leloup e Kaká Werá Jacupé na Unipaz e mergulhei na meditação com meu mestre espiritual Paramahansa Yogananda.

Foi então que percebi que o grande ajuste do foco está escondido dentro de nós em consonância absoluta com a Fonte em nós e aí........aí  quanto mais profundo é o mergulho mais clara, límpida e simples é a visão que temos de nós e do mundo.

E neste ano fantástico de completa transmutação fui coroada como mulher sábia na comunidade de tradições nativas Nowa Cumig , o que me abriu novos portais multidimensionais internos que estão continuamente renovando não só a minha própria visão de ser/estar, agir no mundo como o próprio mundo em si (do modo como o percebo).

Então....respondendo a você gafanhoto, estava eu perdida num mundo colorido mas vivendo num mundo preto e branco onde nada era realmente satisfatório (revejam o filme A VIDA EM PRETO E BRANCO - https://www.youtube.com/watch?v=v9EHRObUQqY) quando ao me deparar comigo mesma em essência (na meditação) percebi uma graça, uma beleza e uma alegria que eu precisava trazer cada vez mais pro meu dia-a-dia.

Esse despertar se faz hoje mais do que necessário, já que esse mundo fantasioso onde os problemas e dificuldades vão pra debaixo do tapete, está ruindo a olhos vistos (revejam o filme A ORIGEM - https://www.youtube.com/watch?v=HiixbtN-O24). 

Espero que juntos aqui possamos dispersar um pouco esse véu de ilusão e cada vez mais encontrar o nosso verdadeiro foco.

Bjksssssss no coração!!!
*escrevam sobre as duvidas, conteúdos, assuntos e situações que querem abordar que aos poucos falaremos de todos*




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