domingo, 22 de janeiro de 2012

LUZ X ESCURIDÃO

Amanhã, dia 23/1/2012, comemora-se na China o Ano Novo, o ano do Dragão. Na mitologia chinesa, o dragão foi um dos quatro animais sagrados convocados por Pan Ku (o deus criador) para participarem na criação do mundo. É enormemente diferente do ocidental, sendo um misto de vários animais místicos: olhos de tigre, corpo de serpente, patas de águia, chifres de veado, orelhas de boi, bigodes de carpa e etc. Representa a energia do fogo, que destrói mas permite o nascimento do novo,a transformação. 

Lembrei de um artigo da querida amiga e física Marcia Caminada que fala com muita clareza e suavidade sobre como lidar com as trevas e a luz no cadinho da transformação neste ano que agora se inicia.

LUZ X ESCURIDÃO 

         Vivemos em um mundo onde todos os fatos são observados sob uma ótica absolutamente dual. Os julgamentos são rápidos e as sentenças extremas. É raro observar-se o meio termo, a opinião condescendente, a aceitação, a compreensão e o perdão. Na nossa civilização, há os conceitos absolutos de bem e mal, que regem os nossos atos e nos fazem perseguir um ideal de perfeição arquetípica. Tudo o que não está de acordo com o nosso “modelo”, deve ser suprimido ou reprimido para que não seja visto e exposto a julgamentos. Fingimos para o mundo e o pior de tudo é que fingimos para nós mesmos.

          Criamos uma persona com todas as características aceitáveis pela sociedade, a nossa máscara, que passa a atuar de acordo com as expectativas alheias e pessoais e que está muito longe de se parecer com nosso verdadeiro EU. Essa “performance” gera grande sofrimento, pois o que foi suprimido nos obriga a grandes sacrifícios para ser mantido oculto e o que foi reprimido vai para o inconsciente e acaba voltando para nos ferir e desafiar, se tornando o nosso inimigo interno, a nossa sombra.

         A metáfora mais usada para descrever esta velha ética da dualidade em que ainda vivemos, é a da luz x escuridão.Mas, se analisarmos esses dois aspectos sob o olhar da Física,  veremos que a luz é onda eletromagnética que viaja pelo espaço agindo sobre a matéria, iluminando, aquecendo e gerando vida, por onde passa. Nós seres humanos e toda a matéria existente no Universo ,somos constituídos de luz, uma vez que as partículas subatômicas que nos formam nada mais são do que “pacotes de onda” . Ou seja, luz tem substância, é real, pode ser sentida e medida!

         Vamos agora, analisar a escuridão. Do que consiste? É real? É palpável? A resposta é não. Sombra ou escuridão, é apenas a ausência de luz, não têm substância, fazem parte da nossa ilusão e não existem realmente.

         Se fizermos um paralelo com os sentimentos, teremos Amor x Medo e constataremos que a definição de escuridão como sendo ausência de luz, vale também para o Medo como sendo ausência de Amor.
Na verdade, só o Amor tem substância real e é palpável. Ele é capaz de criar e curar e quando estamos mergulhados nesse sentimento que faz parte da nossa verdadeira essência, temos certeza da nossa infinitude e da eterna abundância que nos cerca, não há espaço para o Medo paralisante.
 A vida flui com facilidade e somos capazes de usufruir cada momento intensamente.

         Porque ,então, não conseguimos viver permanentemente nesse estado de beatitude e alegria? Porque sentimos medo? Porque impomos barreiras à nossa felicidade? A resposta é muito simples e lógica. Afinal, criamos através da negação de nossas qualidades menos nobres , um compartimento escuro que trancamos a sete chaves e que nos provoca imenso sentimento de culpa e vergonha. Criamos a escuridão em nossas vidas. Para que ela se dissipe é necessária a construção de uma nova ética, com um terceiro ponto de vista mais flexível, onde a aceitação passe a predominar sobre o julgamento. Onde  os “diferentes” não sejam vistos com desconfiança e os estrangeiros não se transformem automaticamente em inimigos, contra os quais tenhamos que guerrear. Onde não haja a necessidade do “bode expiatório” que é sacrificado por personificar a nossa sombra, o que desprezamos em nós mesmos!

         Chegamos a um ponto de nossa evolução em  que é preciso achar uma alternativa para esse velho paradigma da dualidade!

A Física quântica já mostrou que nada é absoluto, e que tudo depende do experimento que está sendo observado: o elétron às vezes é partícula e às vezes é onda. A luz também tem comportamento semelhante, em determinadas situações: se comporta como  onda eletromagnética, sofrendo todos os fenômenos característicos das ondas e em outras situações, se comporta como partícula.

Porque, então, nós seres humanos, temos que ser bons ou maus, sem uma terceira opção? Por que não trazer para a luz a nossa totalidade? Somente quando nos iluminamos, somos capazes de transmutar nossos sentimentos, elevando-os ao nível mais alto, que é o do amor incondicional. A auto-aceitação e o auto-perdão são a fresta pela qual a luz curadora penetra, iniciando a transformação interna. Quando expomos a nossa escuridão à luz, ela simplesmente se desfaz.
 Afinal, ao sol do meio dia não existe sombra!

3 comentários:

  1. Caminada arrasa! Saudades do Epidauro e das Oficinas do Feminino, Rose! Tome providências! rsrs

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    1. É verdade Valeria,ela é ótima não é? Tenho pensado muito em viabilizar novamente o Epidauro...vamos ver! Bjssss

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