sexta-feira, 1 de junho de 2012

A Menina que Odiava Livros

Lendo, brincando e crescendo - Por Paula Furtado

A arte da contação começa na seleção das histórias. Existem aquelas específicas para determinados temas ou situações, ou seja, narrativas que permitem uma identificação imediata do leitor ou ouvinte com o enredo. 

Após a escolha, a forma como os pais e educadores contam a história é de grande importância para o sucesso do conto como processo terapêutico. Para tudo dar certo, valem as dicas:

- Não compare as crianças com os personagens ou dê sermões ao fim de cada história. A ideia é deixar o inconsciente agir e fazer as conexões necessárias sozinho. Quando o adulto pontua um aspecto e defende uma posição sobre o assunto em pauta, o trabalho simbólico fica bloqueado. Exemplo: a criança está mentindo muito e o pai conta a história “Pedro e o lobo”. A criança ouve tudo muito interessada, mas, quando termina a leitura, o adulto faz o seguinte comentário: “Viu o que acontece quando as crianças mentem?” Neste momento, todas as conexões que a criança estava realizando com o seu dia a dia terminam e ela percebe que aquela história foi só mais um sermão, só que mascarado.

- Procure, ao término de cada história, explorar com a criança as sensações que ela experimentou durante a leitura, por meio de perguntas como: O que você achou da história? / O que você mais gostou da história? /O que lhe incomodou na história? / De qual personagem você mais gostou? / Você conhece alguém que viveu uma situação parecida? / Você já se sentiu como esse personagem? / Como você imagina que o personagem se sentiu quando aconteceu aquela situação? / Você teria a mesma atitude de tal personagem? / Você gostou do final? Deixe a criança falar, sem censuras.

- Caso a criança durma no meio da história, procure, mesmo assim, contá-la até o final. Em geral, os pequenos pegam no sono no momento do conflito e, para evitar que eles tenham pesadelos e durmam com a imagem da bruxa ou do lobo, por exemplo, é necessário continuar a leitura, chegando ao final feliz, pois o inconsciente ainda está ligado mesmo quando a criança está sonolenta.

- Para contar histórias, o pai ou educador deve procurar conhecer bem a narrativa. Apropriar-se do enredo dará mais verdade ao texto. É importante contar a história com naturalidade a fim de que haja por parte da criança uma maior identificação com os personagens e os conflitos narrados, de forma que a criança possa relacioná-los com suas experiências, apontando para um caminho de soluções.

*Paula Furtada é autora do livro Terapia do Conto – Para Curar o Coração, da Editora Girassol

Animação abaixo conta a história de Nina, uma menina que não gostava de ler, mas que, ao se deparar com o rico universo da leitura, descobre uma nova realidade.

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