quarta-feira, 18 de julho de 2012

Medita no Lótus do Coração


Pode-se alcançar a concentração fixando-se a mente sobre a luz interior que está além do sofrimento. Os ioguins antigos porém acreditavam que existia um centro real de consciência espiritual, chamado "o lótus do coração", situado entre o abdômen e o tórax, o qual podia revelar-se através da meditação profunda. Asseveravam que tinha a forma de um lótus e que brilhava de luz interior. Dizia-se que estava "além do sofrimento", pois aqueles que o viam enchiam-se de uma extraordinária sensaçãode paz e de alegria. Desde os tempos mais remotos, os mestres da ioga enfatizaram a importância de meditar-se sobre esse lótus. "O paraíso supremo brilha no lótus do coração", afirma o Upanishad Kaivalya.

Aqueles que lutam e têm aspiração podem chegar a ele. Recolha-se na solidão. Sente-se num lugar limpo e em postura ereta, com a cabeça e o pescoço em linha reta. Controle todos os órgãos dos sentidos. Curve-se reverente diante de seu mestre. Penetre, então, no lótus do coração e aí medite na presença de Brahman — o puro, o infinito, o bem-aventurado.Lemos no Upanishad Chandogya: Dentro da cidade de Brahman, que é o corpo, existe o coração, e dentro do coração existe uma pequena casa. Essa casa tem a forma de um lótus e nela mora aquele que deve ser buscado, investigado e compreendido. O que, pois, é isso que habita nesta pequena-casa, este lótus do coração? O que é isso que precisa ser buscado, investigado e compreendido? Tão imenso quanto o universo exterior é o universo interior do lótus do coração. Dentro dele existem o céu e a Terra, o Sol, a Lua, a luz e todas as estrelas.

Tudo que está no macrocosmo também se encontra no microcosmo. Tudo o que existe, todos os seres e desejos, tudo se acha na cidade de Brahman; o que, então, acontece com eles quando chega a velhice e o corpo se desfaz na morte?Embora a velhice atinja o corpo, o lótus do coração não envelhece. Ele não morre com a morte do corpo. O lótus do coração, onde mora Brahman com toda a sua glória — esse, e não o corpo, é a verdadeira cidade de Brahman, o qual, aí residindo, permanece intocável por qualquer ação, imutável, imperecível, livre de todo pesar, da fome, da sede.Seus desejos são desejos honestos, sendo por isso mesmo satisfeitos. No Upanishad Mundaka, lemos: "Ele mora no lótus do coração, onde os nervos se encontram como os raios de uma roda. Medita sobre ele como OM, e atravessarás facilmente o oceano da escuridão. No lótus esplendoroso do coração reside Brahman, o impassível, o indivisível. Ele é puro. É a luz das luzes. Os conhecedores de Brahman o alcançam".

Esse método de meditação ajuda, pois localiza nossa imagem da consciência espiritual pela qual lutamos. Se o corpo é considerado como uma cidade agitada e barulhenta, podemos então supor que no centro desta cidade existe um santuário, em cujo interior está presente Atman, nossa natureza real. Seja lá o que estiver acontecendo nas ruas exteriores, podemos sempre entrar no santuário e prestar adoração: ele está sempre aberto.

Trecho do Livro: COMO CONHECER DEUS - Aforismos Iogues de Patanjali De acordo com a versão de SWAMI PRABHAVANANDA e CHRISTOPHER ISHERWOOD

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